Conseguir um ótimo som de bateria é uma parte crítica da mixagem. Mesmo baterias bem gravadas podem ser ajustadas para atingir patamares sonoros maiores com o uso criterioso de processamento. Neste trecho de "Jacquire King Mixing Lifeboats," você terá uma noção disso enquanto Jacquire aplica EQ e compressão paralela no bus de bateria.
LADO A LADO
Ele cria uma configuração paralela enviando a mix multitrack da bateria para dois canais auxiliares separados, que são alimentados pelo drum bus. Um não tem compressão, e o outro é fortemente comprimido e trazido para a mixagem em paralelo. Ele faz isso criando dois tracks auxiliares que são ambos alimentados pelo drum bus, o qual inclui todas as faixas individuais da bateria.

A configuração de compressão paralela de Jacquire apresenta dois canais de bateria idênticos, um comprimido e outro não.
Ele aponta que também poderia criar compressão paralela usando o botão mix do compressor. Isso porque o botão de mix controla a proporção de sinal processado para não processado, o que cria a mesma condição de ter dois canais saindo com o mesmo sinal, um comprimido e outro não comprimido, e você usa os faders para ajustar seus níveis relativos.
Dito isso, Jacquire afirma que não acha que soe tão bem usar o botão de mix para compressão paralela, embora admita que é uma escolha subjetiva. Ele destaca que outra vantagem da sua configuração paralela de dois canais é que é fácil trocar de compressor se você não gostar do primeiro que testar.
Se você tem um compressor e gosta de como a compressão paralela soa usando o botão de mix dele, ele diz que então você não precisará configurar um canal secundiário dry. O compressor que ele está usando para esta aplicação é a emulação UAD do Empirical Labs EL8 Distressor.
Ele acha mais fácil deixar o fader do Pro Tools do canal paralelo em 0dB (ganho unitário) e usar o fader de Output do plug-in Distressor para subir e descer o som comprimido da bateria.
DÊ TOM
Ele explica que também vai fazer alguns ajustes de EQ nas baterias. Ele começará aplicando EQ no drum bus e depois pode fazer alguns ajustes nas faixas individuais. Ele desliga temporariamente o canal auxiliar wet (comprimido) e abre um plug-in de EQ UAD Neve 1081. Ele fará os ajustes de EQ no canal dry e então copiará o plug-in e suas configurações para o canal comprimido, assim ambos recebem o tratamento idêntico.
Seus objetivos para essa aplicação de EQ são eliminar a faixa média “boxy”, dar um reforço na região baixa e abrir o topo. Ele explica que quaisquer movimentos subsequentes nas faixas individuais de bateria serão, em grande parte, sobre gerenciar o médio e fazer as baterias se encaixarem de forma mais coesa.
Ele começa tentando decidir se deve definir um reforço de graves em 50Hz ou 100Hz. Depois de escutar, decide que o bumbo e as outras baterias já têm um bom grave, e reforçar em 50Hz faz o bumbo competir demais com o baixo.
Ele acha que, para esta música, o foco dos graves deve ser o baixo, com as baterias posicionadas acima dele em termos das frequências enfatizadas. Às vezes é ao contrário, ele aponta, onde o bumbo é o elemento mais grave e o baixo fica acima dele. Então ele acaba usando um filtro em sino no grave da bateria, boostado em 100 HZ.

As configurações de EQ usadas para os canais wet e dry do drum bus.
Ele equaliza o topo das baterias em 15kHz, com um reforço moderado. Diz que 10kHz fica muito próximo da caixa e pode afetá-la em excesso e também desequilibrar o médio. Ele prefere 15kHz, que abre a articulação da caixa e dos microfones de overhead de uma forma agradável.
Em seguida, ele ajusta a banda Low-Midrange do plug-in. Depois de ouvir e testar diferentes pontos, ele se fixa em um corte em 690Hz. Ele também define um Q (largura de banda) mais amplo para o filtro e gosta do resultado. Decide não usar a banda High-Mid do equalizador por enquanto.
ENTRANDO NO WET
Em seguida, ele liga o canal do drum bus “wet” (comprimido). Quer que ele fique mais agressivo. Define a razão do Distressor para o ajuste mais alto: Nuke, que equivale a um brickwall limiter. Ele experimenta com o High-Pass Filter no circuito Detector do Distressor para obter mais acentuação dos médios-altos na compressão. Com o High-Pass Filter ligado no Detector, o compressor não responde tanto para as frequências graves. (Frequências graves tendem a acionar um compressor mais do que médios e agudos.)
Ele diz que frequentemente liga o botão Link do Distressor, que é projetado para ligá-lo a outro Distressor, sem realmente vinculá-lo. Faz isso porque muda as características de distorção de uma maneira que ele gosta. Ele testa com e sem o botão Link e decide que, nesta situação, sem o Link soa melhor.
O TEMPO É CONSTANTE
Depois, ele experimenta com as configurações dos botões de Ataque, Release, Entrada e Saída. Usa um ataque lento para deixar os transientes passarem. Encurta o Release. Diz que quer que fique “pumping” e empolgante. Releases mais rápidos causam mais pumping porque o compressor está fechando e liberando com mais frequência. Quando ele retira a compressão por um segundo, girando o botão de Output para 0, é possível ouvir a diferença.
Ele ajusta o botão Attack razoavelmente lento (cerca de 7,5 de 10), o que significa que está deixando muitos transientes passarem. Com a configuração Nuke ligada, ele está tendo muita redução de ganho, o que tem o efeito de elevar a ambiência da sala, porque está reduzindo a faixa dinâmica.
No entanto, se ele configurasse um Release lento, diz ele, isso achataria as caudas dos sons, o que não é o que ele quer. Ele diz que está tentando fazer as baterias “saltar” um pouco mais. Se o Release for rápido, o compressor vai prender a cauda do transiente, mas deixar as partes iniciais e brilhantes da sonoridade passarem.

A configuração de compressão do drum bus no plug-in UAD Empirical Labs Distressor.
Ele diz que a relação wet-to-dry para compressão paralela é tipicamente 60-40. Ele afirma que o que está alcançando está mais próximo de 50-50. O botão Output está um pouco abaixo de 3, Release em 2.1, Attack em 7.7 e Input em 7.7.
Ele não usa os botões Distortion do Distressor, e não configura o High-Pass Filter no circuito de áudio (que é separado do circuito Detector), porque isso afinaria demais a saída.
TENTE ISTO
Você notou quanto os parâmetros de attack e release impactaram o som quando Jacquire estava comprimindo as baterias? Embora threshold e ratio sejam críticos para configurar um compressor, os tempos de attack e release, que são chamados de “time constants”, também têm um grande impacto na forma como um compressor opera.
Como Jacquire mencionou, o tempo de ataque governa quanto dos transientes vai passar. Ao comprimir baterias, isso é crucial. Com um tempo de ataque rápido, o compressor trava no transiente, reduzindo seu impacto e punch. Se você desacelerar o tempo de ataque, o transiente passa e a compressão começa na parte pós-transiente do som. Configurações intermediárias irão dividir a diferença.
O primeiro conjunto de exemplos é de uma mixagem multitrack de kit de bateria, sendo comprimida pelo plug-in UAD Distressor, e configurada para compressão paralela com o mesmo roteamento de dual drum-bus que King usou no vídeo. Para que você possa ouvir melhor o impacto das configurações de compressão, o fader não comprimido foi desligado.
Exemplo 1a: O ataque está lento. Os transientes estão passando bem.
Exemplo 1b: Agora, o ataque está bem rápido. Ouça como os transientes ficam comprimidos.
O release governa quanto tempo o compressor segura antes de liberar e poder ser reativado. Com releases lentos, o compressor mantém a atenuação por mais tempo, dando a tudo um som mais contido, o que reduz o pumping e a presença da sala.
Com um release rápido, você pode criar efeitos de “pumping”, porque ele está comprimindo e liberando mais rapidamente. Você também ouve mais da ambiência da sala.
Exemplo 2a: Aqui está o mesmo exemplo de bateria, mas desta vez o parâmetro de release do Distressor está lento, dando um som mais contido.
Exemplo 2a: O release está bem rápido, causando mais pumping. Note a ambiência da sala que essa configuração ressalta.