O engenheiro de masterização Brian Lucey fala sobre "a forma do V" neste trecho do seu vídeo, "Brian Lucey: Mastering Philosophy and Techniques". O que ele está se referindo é à distribuição do grave no espectro estéreo em uma mixagem estéreo. Ele diz que às vezes equaliza os lados para ajustar seu conteúdo de graves, presumivelmente usando um EQ mid-side ou um compressor multibanda mid-side.
A FORMA DAS COISAS
Um diagrama no vídeo explica o que ele quer dizer com o “V” (veja abaixo). Mostra os alto-falantes no topo com a energia sonora saindo deles. Os agudos estão no topo, ao lado dos alto-falantes, e os graves na parte de baixo. A forma é mais "em V" no pop e na música dance, ele explica, onde elementos com muito conteúdo grave (kick, caixa, baixo, etc.) tendem a ficar concentrados no centro, e as partes brilhantes e agudas (pratos, percussão, guitarras e sintetizadores em registro alto) são panoramizadas para os lados e ajudam a dar sensação de largura. Ele diz que essa distribuição específica de elementos produz o som mais impactante, mas também pode fazer uma música soar "excessivamente produzida."
A forma do V para a música pop tem agudos amplos e graves estreitos.
Lucey afirma que, de modo geral, o V é mais largo na parte de baixo para o rock. Ele menciona AC/DC's "Back in Black" como exemplo, além de rock relativamente moderno como o de Audioslave. Ele mostra um V que é mais largo na parte inferior para isso, que parece algo entre um V e um U.
Para música rock, Lucey diz que os graves tendem a ficar mais para as laterais do que no pop.
O exemplo final que ele dá é para música alternativa e experimental, assim como outras músicas que soam mais "reais". Ele diagramou isso com uma forma de U, porque as baixas-médias e as frequências graves normalmente ficam muito mais para as laterais.
Lucey observa que estilos que buscam um som mais "realista" tendem a ter muito mais conteúdo grave nas laterais da imagem.
Embora um engenheiro de masterização possa ajustar um pouco os lados de uma mixagem, quaisquer mudanças significativas na forma do V precisam ocorrer durante o processo de mixagem. Para um engenheiro de mixagem, o pan das faixas é obviamente uma peça crucial do quebra-cabeça, e Lucey diz que é importante estar ciente do impacto que suas decisões de mixagem terão sobre o V.
Ele também aponta que, em um álbum ou outro projeto com várias músicas, o artista e o mixador precisam pensar sobre a consistência do grave, e portanto do V, de uma música para outra.
À PROCURA DO V
Como você pode afetar a forma do V nas suas músicas? Muito disso será ditado pelo estilo musical e pelo arranjo. Se você tem uma música rock com guitarras rítmicas gordas e pesadas panoramizadas totalmente para a esquerda e para a direita, isso colocará mais médios e médios-graves nas extremidades da imagem, tornando o V menos pronunciado. Se você tem uma faixa eletrônica com bateria e baixo retumbantes no centro e sintetizadores e percussões agudas nas laterais, isso resultará em um V mais afiado.
Obviamente, suas decisões de mixagem terão grande impacto na distribuição de frequências na imagem estéreo. Em praticamente qualquer mixagem, o kick, o baixo, a caixa e os vocais principais estarão no centro, mas suas decisões sobre o panoramização dos outros elementos que contêm frequências graves ou médios-graves—piano, por exemplo—também vão afetar isso. Colocar esses elementos nas laterais tornará sua mixagem menos impactante, mas possivelmente com um som mais "real" e menos produzida, se for isso que você quer.
O V EM AÇÃO
Focando na etapa de mixagem, vamos ver alguns exemplos de como a panoramização impacta a forma do V.
Exemplo 1: Este exemplo tem um V mais pronunciado. O baixo, a bateria, a guitarra solo baixa, as guitarras rítmicas em power chord e a percussão de baixa afinação (congas) estão todos no centro ou em direção ao centro do espectro. A guitarra rítmica aguda e a percussão aguda—shaker e pandeiro—estão nas laterais.
Aqui está a mesa de mixagem do Exemplo 1. Observe a panoramização dos vários elementos.
Exemplo 2: Aqui está a mesma passagem, mas desta vez as guitarras rítmicas em power chord foram panoramizadas amplamente, as congas estão deslocadas para um dos lados e o shaker e o pandeiro foram panoramizados mais para o centro, assim como a guitarra rítmica mais aguda. O resultado é um grave mais espalhado, então a forma do V fica mais larga na parte inferior.
Aqui está a mesa de mixagem do Exemplo 2. Uma grande mudança aqui é que as guitarras rítmicas em power chord foram movidas totalmente para a esquerda e para a direita e as congas foram deslocadas bem para um dos lados.
